sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

A MULHER NA PINTURA E NA ESCULTURA

 

Eva seduzindo Adão.

Não há homem que não se renda aos encantos de uma mulher.




      Observar uma pintura é uma atividade cultural que, de modo geral, requer mais do que a simples contemplação passiva e a sensibilidade espontânea do espectador. Assim, espera-se que aqueles que ainda não tiveram oportunidade de conhecer os pintores ou as obras aqui reproduzidas, delas se sirvam como vias indicadores de novas fontes de conhecimento. A busca de maiores informações sobre cada artista e sua obra será sempre recompensada com o conhecimento mais profundo do ser humano, suas misérias e suas virtudes. É um prêmio que, em última instância, permite ao homem saber sobre si mesmo e o seu semelhante. 
          A contemplação de obras de grandes mestres reproduz a história da beleza feminina, tanto da pintura universal, como na pintura contemporânea que muitos acham estranhas. A mulher sempre é um tema apreciado em todas as artes. Significativamente, ela vem inspirando pintores há muitos séculos. O Nascimento de Vênus, a criação mais aplaudida de Sandro Botticelli é o exempla mais marcante de todos os tempos. A Vênus no Espelho, de Amadeo Modigliani; naturalmente não podemos esquecer a Gioconda de Da Vinci, considerada um ícone da pintura universal. Temos também Velázquez, Vermeer, Renoir, Gauguin, Gustav Klint e tantos outros. 
             Entre as manifestações mais antigas desse impulso criador que desafia o homem, talvez a mais conhecida seja a que passou para a história sob o nome de Vênus de Willendorf, Uma pequena estatueta de cerca de dez centímetros de altura, trabalhada em pedra calcária. 
           Descoberta em escavações arqueológicas efetuadas em Willendorf, Áustria, no local de um antiquíssimo acampamento de caçadores de mamutes. A pequena estátua reproduz uma mulher nua de certa idade, com penteado em forma de colmeia, seios descomunais e cadeiras opulentas. Não se pode saber com certeza qual seria a visão que o homem daquela época tinha da mulher; contudo, o impulso criador que conduziu a mão do primitivo caçador de mamutes na elaboração do pequeno fragmento de rocha em quase nada se assemelha à inspiração que levou o atormentado Modigliani a pintar, alguns milhares de anos mais tarde, sua fantástica série de nus femininos em Paris, de 1916 a 1919.  O que podemos dizer é que ambos os criadores viviam concepções do mundo inteiramente diferentes e que muito pouco tinham em comum como artistas, salvo o incontido desejo de superar suas próprias deficiências humanas na tentativa de recriar a mulher em sua nudez mais pura. Se o caçador escultor buscava na sua criação plástica o símbolo da fertilidade, a mulher-mãe geradora da abundância, o pintor cuidava de registrar em suas telas a síntese da sensualidade, a mulher-fêmea amada sobretudo pela presença reconfortante de sua doce companhia, mas da qual não se dissociam os mistérios de uma decantada lubricidade. De fato, trata-se de duas maneiras essencialmente distintas de sentir a mulher - o objeto da sua arte - o de expressar tal sentimento por meio da criação artística.
           O pré-histórico escultor de Willendorf e o pintor que viveu dias agitados nas primeiras décadas do século XX constituem dois extremos de artistas plásticos inspirados na imagem feminina - são polos opostos. Entre eles, porém, e além deles, há muitos outros igualmente geniais, cujas obras expressam diferentes modos de ver, de sentir e de recriar a mulher em termos de arte. Afinal, cada artista é um cadinho de paixões, às vezes harmônicas, às vezes conflitantes. É produto de uma sociedade, de um meio cultural e de uma sensibilidade individual que marcaram suas obras com traços indeléveis. Precisamente por essa razão, não existem dois artistas iguais. Como são seres humanos, sujeitos às virtudes, desajustes e imperfeições de suas próprias personalidades, não reagem da mesma maneira ante os fatos e não produzem com a frieza e a perfeição igualitária das máquinas. Ao contrário, valem-se de impulsos vitais para criar e elaborar cada obra em particular. E felizmente isso ocorre, porque dessa desigualdade, dessa assim chamada "imperfeição"  com relação à máquina, resulta a prodigiosa riqueza da criação artística. 
             O homem sensível e criativo tem procurado, de olhos bem abertos, empregar toda sua habilidade e imaginação para, de acordo com seu próprio ideal, recriar a mulher por meio da arte. Tal tentativa, no entanto, não busca sempre os mesmos objetivos, e seus resultados variam de acordo com a época, a cultura e a individualidade de cada artista e de cada sociedade. 






Nicéas Romeo Zanchett 


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